A economia circular e a embalagem estão inextricavelmente ligadas

O plástico em si não é o culpado por todo o problema mundial de gestão de resíduos. O problema é a maneira como usamos esse material. As empresas fabricam produtos e embalagens que são projetadas para serem descartáveis e os consumidores exigem conveniência, acessibilidade e preços baixos. A única forma de atingir todos estes requisitos é usar itens descartáveis.

Entre os exemplos de bens de consumo ou consumíveis que precisam de embalagens de plástico estão alimentos, bebidas e utensílios domésticos. Também é possível encontrar o material descartável em produtos como absorventes, cápsulas de café e talheres. Não é exagero dizer que o e-commerce só se tornou possível devido ao plástico. Toda a logística e as operações de manufatura passaram a depender dele.

Por ser um material tão barato, o plástico descartável oferece aos consumidores a capacidade de comprar, usar e jogar fora, em vez de consertar ou reutilizar, e a um custo menor do que o de produtos duráveis. Isso faz com que consumidores comprem repetidamente o mesmo item. Como resultado disso, as pessoas possuem mais coisas do que nunca e podem facilmente substituí-las.

A descartabilidade e a sociedade do consumo

A descartabilidade é preferida em relação à durabilidade na economia global porque impulsiona o consumo. Muitos itens descartáveis ​​são leves (na maioria das vezes feitos de plástico), apoiam a produção em massa e aumentam os lucros para os fabricantes. A desvantagem é que a maioria dos exemplos de itens leves e descartáveis ​​são considerados não recicláveis ​​nos programas de consumo.

Os esforços dos produtores de plástico para implantar sistemas de recuperação e esquemas de coleta para complementar e investir na reciclagem não foram desenvolvidos em uma taxa comparável ao crescimento do uso do material.

Mesmo a garrafa de água muitas vezes acaba no lixo, apesar de ser considerada reciclável. 

Assim, os itens descartáveis ​​são reciclados em uma pequena parte e o restante é capturado por sistemas de descarte de aterro e incineração. Infelizmente uma parte acaba no meio ambiente. Esse caminho de mão única para o descarte é onde o plástico se torna problemático.

Quem paga o custo dos plásticos descartáveis?

O modelo econômico linear do tipo pegue- use- jogue fora gerou lucros, criou empregos e atendeu ao desejo dos consumidores por produtos acessíveis, inovadores e convenientes. Mas não é sustentável.

Material de valor

Mas, novamente, o plástico não é o vilão. Ele trouxe um valor imenso à indústria na totalidade. Foi também um grande facilitador para os setores de embalagens, construção, transporte, saúde e eletrônicos.

A ideia de que o plástico, ou qualquer outro material, é descartável é o que está causando problemas. O plástico já foi considerado um material caro e usado para produzir itens de alto valor. Antes da Segunda Guerra Mundial, os produtos eram reparados e os consumíveis recarregados em contêineres duráveis ​​por meio de modelos de serviço, como o leiteiro. Quando a guerra acabou, uma indústria de plásticos amadurecida foi liberada para criar uma cultura de consumismo e alimentar uma nova economia descartável.

O plástico pode ser feito para reutilização e pode existir em uma economia circular. Mas o mundo está pronto para voltar às embalagens reutilizáveis? Os consumidores estão acostumados com a conveniência e o custo das embalagens descartáveis ​​e descartáveis.

O papel das empresas

As empresas que entendem as necessidades e desejos dos consumidores pela economia circular e são capazes de facilitar esse processo estão preparadas para crescer e lucrar. Elas saem na frente das empresas que ainda estão presas na economia linear. Esta mudança já está ocorrendo.

As maiores empresas de produtos de consumo do mundo tomaram a iniciativa de nos conduzir a uma economia circular. Os consumidores já podem comprar produtos de marcas como Procter & Gamble, Unilever, PepsiCo, The Clorox Company, The Body Shop, Preserve entre outras – já estão redesenhadas para serem mais inteligentes e sem resíduos.

Um novo modelo

Para fazer essa economia circular funcionar é preciso um novo modelo que apresente embalagens duráveis, que entreguem os produtos sem sacrificar a conveniência e a acessibilidade. O objetivo é fazer com que os produtos continuem fáceis de comprar e usar, mas retornar aos sistemas circulares, que já funcionam há anos.

Por meio de sistemas de recarga será possível consumir produtos em embalagens especialmente projetadas para serem duráveis, reutilizáveis ​​ou totalmente recicláveis. Isso economizará energia e recursos e evitará poluição a cada reuso. Já existem algumas iniciativas, por exemplo, como a Loop, que ajudam as empresas a ativar as oportunidades de negócios circulares.

Conclusão

A mudança de perspectivas sobre o valor de nossos recursos finitos e o impacto que os resíduos têm no planeta podem começar com o plástico. O plástico é valioso e vale a pena fazer sua reciclagem. É útil e maleável o suficiente para ter durabilidade e certamente vale a pena conservar. O plástico pode ser feito para reutilização e pode existir em uma economia circular.

Tudo neste planeta tem valor. Resíduos de plástico, especialmente quando penetram no ambiente natural, são uma das preocupações ambientais mais urgentes que consumidores, governos e empresas enfrentam. No entanto, não é o único circuito que precisa ser fechado na cadeia de abastecimento para construir uma economia verdadeiramente circular. A embalagem usada para bens de consumo individuais está mudando, assim como a embalagem e o equipamento que leva esses produtos aos varejistas.