Nosso sistema atual está falhando em capturar os benefícios econômicos dos plásticos. A sociedade precisa parar de pensar no plástico como 'lixo', e vê-lo como um recurso renovável que precisa ser descartado corretamente. Uma economia circular é restauradora e regenerativa. Isso significa que os materiais fluem constantemente em torno de um sistema de circuito fechado, em vez de serem usados uma vez e depois descartados. No caso do plástico, isso significa manter simultaneamente o valor dos plásticos na economia, sem vazamentos no ambiente natural.
Os desafios da economia circular
Mais de 40 anos após o lançamento do primeiro símbolo de reciclagem universal, apenas 14% das embalagens plásticas usadas globalmente são recicladas. Enquanto isto, 40% acabam em aterros sanitários e 32% em ecossistemas (com os 14% restantes usados para incineração ou recuperação de energia). Para mudar a mentalidade da sociedade será necessário repensar a forma como lidamos com os resíduos plásticos. Esse processo envolverá a melhoria da reciclagem, a promoção da reutilização, a criação de um mercado para materiais reciclados e a reformulação de produtos com o fim da vida útil.
Aumentar a demanda por plásticos reciclados
O mau funcionamento do mercado de plásticos reciclados é uma das maiores barreiras enfrentadas por uma economia circular de plásticos. Essa questão apresenta um desafio para melhorar as taxas globais de reciclagem. As matérias-primas para a maioria dos plásticos são combustíveis fósseis, que atualmente são mais baratos do que os materiais reciclados. Como tal, a economia da reciclagem de plásticos é fraca. Para impulsionar a demanda e estimular os mercados finais de material reciclado, as empresas devem se comprometer a usar a resina pós-consumo (PCR) sempre que possível. O uso da PCR estimulará a demanda pelos materiais, criando mercados finais vitais que viabilizam o fluxo de reciclagem doméstico. O fim da vida útil precisa estar à frente dos processos de desenvolvimento de produtos.
Projetando para aumentar a reciclabilidade
Atualmente, os produtores de plástico e embalagens têm pouco ou nenhum incentivo para considerar a reciclagem ou a reutilização ao projetar produtos. O problema é que o fim da vida útil precisa estar na frente dos processos de desenvolvimento de produtos. Os plásticos são fabricados a partir de uma variedade de cadeias moleculares chamadas polímeros. Eles executam uma ampla variedade de propriedades e podem ser altamente personalizados para atender aos requisitos específicos de cada fabricante. Essa diversidade complica o processo de reciclagem.
Uma solução seria orientar os fabricantes de embalagens, proprietários de marcas e varejistas sobre como incorporar os princípios de reciclabilidade em seus processos de design. Essa orientação inclui a redução do uso de corantes, etiquetas, mangas e adesivos para simplificar o processo de reciclagem.
Além disso, grande parte das embalagens nas quais confiamos atualmente é flexível. Por exemplo, pacotes e bolsas de alimentos para animais de estimação. Eles são feitos de vários materiais, adesivos e revestimentos que não podem ser facilmente separados e reciclados. Para superar isso é necessário trabalhar para desenvolver diretrizes robustas de design para embalagens flexíveis e a infraestrutura usada para coletar, classificar e reciclar.
Mantendo o plástico fora do ambiente
Grande parte do lixo plástico que circula atualmente nos oceanos do mundo seja originário de apenas cinco países asiáticos. São eles: China, Indonésia, Filipinas, Vietnã e Sri Lanka. Se queremos reduzir a quantidade de plástico liberado nos oceanos, o setor público tem um papel a desempenhar. Isto significa incluir essas economias nas soluções e investir na infraestrutura de coleta e na reciclagem de resíduos. Uma excelente oportunidade para a reciclagem de produtos químicos é que resíduos de plástico podem ser usados para produzir PET de qualidade alimentar. Isto pode ser feito não apenas de garrafas de plástico, mas também a partir de resíduos recuperados de oceanos e até de têxteis de poliéster.
Fechando o ciclo com a reciclagem de produtos químicos
Ao contrário da reciclagem mecânica, a reciclagem química é um processo pelo qual o material é reduzido aos seus blocos de construção químicos originais. Ela serve para os resíduos possam ser novamente transformados em novos produtos. Uma excelente oportunidade para a reciclagem de produtos químicos é que resíduos de plástico podem ser usados para produzir PET de qualidade alimentar. Ou seja, serve não apenas de garrafas de plástico, mas também para resíduos recuperados de oceanos e até de têxteis de poliéster.
Por muito tempo, a reciclagem de produtos químicos permaneceu frequentemente nas margens do discurso público sobre resíduos de plástico. Isto aconteceu principalmente devido à falta de investimento e infraestrutura. Atualmente, essa área é o foco de intensa inovação. Ao lado da indústria química, as empresas de bens de consumo estão investindo pesadamente na tecnologia. A Loop Industries assinou acordos com a PepsiCo, L'Oréal (entre outras empresas) para tornar a reciclagem química de PET um processo sustentável, rentável e escalável.
Uma economia circular para plásticos oferece uma visão promissora para conter a maré de resíduos plásticos, mas converter essa aspiração em um sistema de circuito fechado em pleno funcionamento exigirá maior cooperação de todos os principais atores da cadeia de valor. O recente anúncio do Compromisso Global da Nova Economia do Plástico - a colaboração inédita que procura criar um 'novo normal' para o plástico - é certamente um passo na direção certa.
O que você pode fazer?
- Procure criar economias de escala: apoie projetos e iniciativas que melhorem a economia da infraestrutura de reciclagem e dos polímeros reciclados.
- Pense localmente e aja globalmente: o lixo plástico causa poluição global, mas as soluções precisam ser entregues ao nível local. Isto é fundamental para que tenham um impacto duradouro. As intervenções sempre devem refletir a infraestrutura localizada, que variará em todo o mundo.
- Colabore para inovar: é preciso existir colaboração entre fornecedores de resina, fabricantes de embalagens, marcas, empreiteiros e recicladores. Esta é a única maneira de construir uma economia circular com benefícios em toda a sociedade.
- Pense a longo prazo: para empresas que desejam investir a longo prazo, haverá recompensa comercial significativa. Isso acontecerá à medida que a infraestrutura de reciclagem e a tecnologia amadurecem e o design de embalagens evolui.
- Cobre os seus representantes: o incentivo a economia circular e a reciclagem de plásticos tem que ser parte das políticas de governo. Em especial, os incentivos econômicos devem ser implementados.