plásticos no oceano

O lixo plástico se tornou uma questão ambiental prioritária no mundo todo. Todos os anos, 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos acabam indo parar nos oceanos. Desse número imenso, metade dos resíduos vêm somente de cinco países da Ásia: Indonésia, Tailândia, Filipinas, Vietnã e China. Segundo relatório da ONG americana Ocean Conservancy, esses países são responsáveis pelo descarte de 60% do lixo plástico encontrado nos mares do mundo. 

A explicação para isso é simples: muitas nações do Ocidente têm optado por enviar seus resíduos plásticos para estas nações asiáticas, onde existem empresas dispostas a aceitar esse lixo por um custo menor do que seria cobrado em qualquer outro país. Assim, esses locais passaram a receber carregamentos enormes de lixo. O resto vai para aterros sanitários ou é incinerado, o que libera fumaças altamente tóxicas. Faltam aterros sanitários apropriados para o descarte correto. 

De material maravilhoso a inimigo público nº 1

Como consequência direta do impacto causado pela poluição plástica, o mundo declarou uma verdadeira guerra ao plástico. Até mesmo os especialistas estão surpresos com a extensão da reação pública nos últimos tempos. Alguns dizem que a gravidade da crise plástica é exagerada na esfera pública. Isto levou a uma questão, sem dúvida, mais crítica: com a atenção voltada só para o plástico, os governos estão deixando a mudança climática de lado.

Este ano pretendia marcar uma mudança definitiva em relação ao plástico. Países e cidades introduziram novas proibições, enquanto cientistas e ativistas defendiam as mudanças ambientais imediatas. As empresas também apostaram que seria o fim da era do plástico e já estavam ajustando suas estratégias para fazer uma transição acelerada para uma economia circular. O surto de Coronavírus, no entanto, mudou o rumo desta história. Foi o número crescentes de casos da COVID-19 e a pressão nos sistemas de saúde que mostraram que o plástico ainda é a solução mais confiável e acessível para proteção pessoal.

É preciso repensar nossa relação com o plástico

Os produtos plásticos são cruciais, por exemplo, na luta contra a crise do COVID-19. Dispositivos médicos e equipamentos de proteção individual são apenas os exemplos mais óbvios de como os produtos plásticos ajudam a combater a pandemia. O plástico está presente desde o piso de vinil antibacteriano nos hospitais até as embalagens dos produtos de limpeza dos equipamentos hospitalares. 

São necessários plásticos nas embalagens de sabonetes, desinfetantes e alimentos. As embalagens, especialmente as de plástico, são extremamente importantes para garantir o funcionamento de nossas cadeias de suprimentos de alimentos. Enfim, o material está presente em quase todos os bens essenciais para combater a pandemia. Se o plástico é um material tão útil, é necessário pensar em alternativas para poder continuar fazendo uso dele sem prejudicar o ambiente. 

Inovação no tratamento dos resíduos plásticos 

produtos em descarte para reciclagem

No mundo pós-COVID-19, as atitudes e os comportamentos serão outros. Uma nova normalidade se estabelecerá. Da mesma forma, ao enfrentar o desafio do lixo plástico, há uma oportunidade real de fazer mudanças. Além das mudanças de consciência e comportamento de cada um de nós, podemos também inovar no processamento dos resíduos.

É preciso pensar, por exemplo, em como novos recursos como a inteligência artificial, a big data (grandes conjuntos de dados que precisam ser processados e armazenados) e a robótica podem ser direcionadas para criar alternativas para acabar com o desperdício de plástico no ambiente. É necessário que passe a existir uma circularidade na cadeia de valor do plástico.  Para encontrar soluções para estas questões, será preciso inovar.

 Os maiores desafios dos resíduos de plástico

garrafas plásticas em reciclagem

Algumas empresas já estão buscando o desenvolvimento de tecnologias que ajudem a coletar, gerenciar e classificar os resíduos de plástico. Isso é extremamente útil porque um dos maiores desafios do desenvolvimento de uma economia circular é separar o plástico de produtos orgânicos, metal e papel. É preciso fazer uma separação correta para criar fluxos de material limpos e uniformes para reciclagem.

Empresas iniciantes como AMP Robotics, Clean Robotics,  Recycleye e  Greyparrot  estão combinando tecnologia robótica avançada com Inteligência Artificial para classificar materiais recicláveis ​​a partir de resíduos.  A Impact Recycling criou um sistema eficiente que separa facilmente diferentes tipos de resíduos de plástico. Juntas, essas soluções farão uma otimização e aumentarão a eficiência dos processos de triagem. Tudo isso melhora a uniformidade do plástico nas instalações de gerenciamento de resíduos.

Como recuperar o valor do lixo plástico

simbolo de sustentabilidade

A principal ideia da economia circular é usar os resíduos como insumos para a produção de novos produtos. O desafio é extrair valor do lixo plástico, o custo de reciclagem tem que ser suficiente para que compense usá-lo como matéria prima. ​​

Para que compense reutilizar os plásticos também é preciso investir em educação e melhor limpeza destes materiais. Empresas e governos em todo o mundo devem alocar mais fundos para educar as pessoas sobre como a economia circular funciona e por que elas devem reutilizar e reciclar. 

Proibir não adianta, mas reciclar sim.

desperdício de plástico

Agora é a hora de repensar o uso do plástico. Mesmo que o plástico fosse banido, levaria 20 anos para uma sacola plástica se decompor e 450 anos para cada garrafa de plástico. Proibir o plástico em alguns países não levaria outros a seguir automaticamente. Estudos indicam que menos de 10% de todos os plásticos foram realmente reciclados.

Precisamos de práticas e políticas de reciclagem mais complexas contra a poluição plástica. 

As empresas devem investir mais em sustentabilidade e devem tomar medidas mais proativas como endossar o consumo responsável e aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (que ajudará a criar soluções sustentáveis ​​e de longo prazo).

Por fim, devemos incentivar a produção de polímeros com qualidades recicláveis ​​aprimoradas que facilitem o reaproveitamento destes ​​materiais. A melhor maneira de começar é reconhecer que não há solução fácil para o problema. O desenvolvimento de medidas efetivas contra a poluição por plásticos é um processo complexo e de longo prazo que exigirá uma abordagem sistêmica de empresas e governos em escala global.