Folha verde com gota de água

Os consumidores têm uma relação contraditória com os descartáveis e as embalagens de plástico para alimentos. Por um lado, existe uma grande reação pública contra a poluição por plástico. Por outro, reconhecemos a necessidade de usar o plástico para proteger a população durante a pandemia do Coronavírus e sabemos que ele sempre ajudou a conservar os alimentos. Sabemos que o plástico é, atualmente, a solução mais eficaz. Diante disso, qual seria o equilíbrio correto?

A poluição do plástico é um grande problema. Dados da Plastic Ocean revelam que 350 milhões de toneladas de plástico estão sendo produzidas a cada ano e 8 milhões de toneladas vão chegar ao oceano. Nesse ritmo, haverá mais plástico do que peixes no mar em 2050. O plástico tornou-se parte integrante de nossas vidas. No setor de alimentos e bebidas, é uma solução econômica que protege os alimentos de contaminantes e aumenta a vida útil. O uso de embalagens plásticas está, portanto, completamente ligado a outra questão ambiental importante: evitar o desperdício de alimentos.

O desperdício de alimentos é uma crise econômica, humanitária e ambiental

comida embalada

Um terço dos alimentos produzidos hoje é desperdiçado. Ao mesmo tempo, cerca de 800 milhões de pessoas passam fome diariamente. A FAO estima que o desperdício de alimentos representa uma perda econômica global de 700 bilhões de dólares a cada ano. Se o desperdício de alimentos fosse um país, seria o terceiro maior emissor do mundo, e estaria atrás apenas da China e dos EUA. Evitar o desperdício de alimentos pode reduzir nossa pegada geral de carbono em até 8%. 

A ONG Project Drawdown sugere que reduzir o desperdício de alimentos é quase 16 vezes mais importante para reduzir nossa pegada de carbono do que reciclar. Quando pensamos em resíduos de alimentos e embalagens, os dois principais impulsionadores da sustentabilidade são o carbono e a circularidade. Quando desperdiçamos alimentos, também desperdiçamos toda a energia e recursos necessários para levar esses alimentos ao mercado. A água, a energia, os fertilizantes, os caminhões para transporte e os gastos com refrigeração usados ​para produzir estes alimentos são perdidos e não podem ser recuperados. 

Um problema que exige uma solução sistêmica

sanduiche embalado

O custo ambiental da embalagem acaba sendo compensado por seu papel na redução do desperdício de alimentos. O benefício ambiental do lixo evitado é geralmente até maior do que o custo ambiental da embalagem. A proteção do produto compensa especialmente para produtos alimentares com a produção intensiva de recursos.

Os governos não tendem a pensar em sistemas e a comida é um sistema. As pessoas que pensam no desperdício de alimentos normalmente não são as que pensam em como podemos reduzir o desperdício de embalagens. Não faz sentido pensar estes problemas separadamente. É claro que a embalagem deve ser projetada para fornecer a proteção necessária ao produto, porém usando o mínimo de material possível. E o ideal é que ela seja reciclável ou reutilizável.

Inovar priorizando a sustentabilidade

Ao determinar a forma mais ecológica de entregar diferentes produtos alimentícios aos consumidores, muitos fatores precisam ser considerados. É preciso pensar desde os requisitos dos produtos para proteção durante o transporte, o armazenamento e as variações de como os consumidores manipulam os alimentos em casa.

De acordo com a sueca Helén Williams, professora associada de sistemas ambientais e energéticos da Karlstad University, a embalagem é frequentemente descrita como um grande problema ambiental. Mas é necessária para transportar e proteger os alimentos. Devemos nos concentrar no design da embalagem para que menos alimentos sejam desperdiçados, já que o desperdício de alimentos tem um impacto muito maior no clima. Uma maneira de conseguir isso é reduzindo a complexidade da embalagem.

Bons exemplos de sustentabilidade no mercado

pacote reciclável granola

Estão surgindo no mercado uma série de inovações que levam embalagens com múltiplas camadas e nos mais diversos materiais,  mas que agora compatibilizadas com polietileno, e isso possibilita a proteção do conteúdo e a reciclabilidade. Por exemplo, a Dow fez parceria com a marca Bear Naked Granola da Kellogg’s para produzir embalagens recicláveis ​​para seu produto.

Adotando uma abordagem semelhante, a marca de água engarrafada Evian, da Danone, criou uma garrafa com um logotipo gravado como uma forma de reduzir o uso de plástico virgem. A garrafa levou cerca de dois anos para ser desenvolvida e, sem a tampa, é feita de plástico 100% reciclado. Outras soluções inovadoras de embalagem também estão sendo desenvolvidas especificamente para reduzir o desperdício de alimentos.