copo descartável com água

Versáteis, acessíveis e sempre presentes, os plásticos descartáveis foram essenciais para manter os hospitais funcionando e proteger os funcionários da linha de frente durante a pandemia da COVID-19. Eles são a base de equipamentos médicos e dos equipamentos de proteção. Com o aumento da demanda por máscaras, luvas e aventais, uma coisa é certa: os plásticos descartáveis são indispensáveis, principalmente durante uma pandemia.

Porém, apesar de entender a necessidade da descartabilidade durante a pandemia, muitos governantes continuam querendo colocar em prática a lei-antiplástico. A lei que proíbe o fornecimento de copos, pratos e talheres de plástico na cidade de São Paulo pretende acabar com o oferecimento destes itens por bares e restaurantes. Eles também não estarão mais disponíveis no comércio, nos espaços para festas infantis, nos clubes, nos salões de festa, nos eventos culturais ou esportivos de qualquer espécie. Essa proibição trará consequências que precisam ser pensadas. Veja a seguir. 

1. A troca será feita por materiais que também vão poluir o meio ambiente

A justificativa dessa lei e de muitos outros projetos de lei anti-plástico é que proibir os itens descartáveis vai salvar o meio ambiente. Afinal menos plástico, significa menos lixo. O grande problema é que os mesmos governantes que apresentam essas leis, não oferecem nenhuma saída. Não existe uma solução economicamente viável para substituição dos materiais ou uma forma de garantir a compostagem destes materiais alternativos. 

Em São Paulo, por exemplo, a proposta é que os descartáveis sejam substituídos por materiais biodegradáveis, compostáveis ou reutilizáveis. Mas o governo não explica para a população que para serem biodegradados, esses materiais não podem ser apenas descartados. Mesmo tendo plantas na sua composição, os bioplásticos não de desfazem sozinhos. A maioria desses materiais ditos biodegradáveis precisam passar por uma compostagem industrial. Hoje não existe estrutura adequada para fazer isso em escala nem em São Paulo e nem no resto do país. Ou seja, todos esses resíduos de bioplásticos terão exatamente o mesmo destino que os descartáveis comuns. E ainda vão custar caro para o consumidor. 

2. A troca vai impactar nos preços da comida por delivery 

Quem pede comida por entrega, atualmente recebe esse pedido em embalagens descartáveis. São embalagens plásticas ou de isopor (que também é um tipo de plástico) com talheres e copos de uso único. Seria impossível que estas entregas passassem a ser feitas somente com uso de materiais reutilizáveis. Isso levaria a um aumento no custo do produto, fora a falta de garantia de que houve uma higienização correta dos utensílios. 

Trocar esses materiais por papel ou plástico biodegradável além de aumentar o custo para o consumidor final (afinal são itens mais caros), pode não trazer benefício ambiental algum. Como já foi dito, os bioplásticos não se desfazem sem as usinas de compostagens para isso e as que existem hoje não tem capacidade para processar todos os plásticos envolvidos nesta troca. 

3. A proibição pode causar problemas também ao sistema de saúde

É complicado pensar que nos hospitais e postos de saúde os pacientes não vão poder usar produtos descartáveis. Ainda estamos no meio de uma pandemia. Não existe uma data definida para distribuição da vacina. Não existe como garantir que os copos, pratos ou talheres foram bem lavados (no caso dos produtos serem substituídos por materiais reutilizáveis) e a troca por papel ou bioplástico vai causar um impacto econômico negativo no sistema de saúde. Esse dinheiro que será gasto a mais com estes produtos poderia ser mais bem gasto no combate a pandemia.  

Conclusão

A falta de preocupação com o que acontecerá com os materiais usados na substituição mostra como essa legislação é apenas publicidade para conseguir votos e não resolverá o problema da poluição ambiental. Leis como esta deveriam ser pensadas sob a perspectiva das consequências que geram, e não das intenções declaradas das pessoas que as propõem sem ter um plano para as colocar em prática. 

Seria mais inteligente investir em usinas de reciclagem e compostagem antes de criar uma lei que apenas faz uma proibição. O plástico é um material reciclável, portanto a preocupação do poder público deveria ser mais focada no descarte correto destes materiais. O governo poderia investir, por exemplo, em ações de educação ambiental e conscientização da sociedade.